terça-feira, 19 de abril de 2011

Resumo Inicial de "Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico", de Isabel Cristina M. Carvalho

Capítulos I, II e III.

Cap I
A autora busca determinar, essencialmente, o ponto central de tensão entre os conceitos mais conservadores de ecologia, que tendem cientificamente a determinar a natureza como um ente autônomo e “intocável”, e os conceitos mais modernos e que vislumbram este ente como constituído de várias vertentes, dentre elas a de relações socioambientais.
 “A visão naturalizada tende a ver a natureza com o mundo da ordem biológica, essencialmente boa, pacificada, equilibrada, estável em sua interações ecossistêmicas” (p.35).  Tal visão infere que a perspectiva de interação da sociedade com o meio é prejudicial, contando a partir daí com uma ideia preservacionista radical como suporte.
Através de uma visão que liga intrinsecamente a sociedade com o meio natural, a autora propõe o exercício de “trocar as lentes” dessa visão cientifica/conservadora por lentes que desloquem não somente o olhar, mas as mentalidades, palavras e conceitos.
A perspectiva ecológica segundo a autora, não reside somente na ideia de conservar a natureza de uma forma restrita, mas atrelar essa ideia a conceitos de interação social e de busca por uma relação mais harmoniosa e pacífica entre a sociedade e o ambiente, pois entende que não há como destituí-los de uma vivência interligada. Infere que tal interação prestigiaria tanto as práticas científicas como fomentaria uma construção entre sociedade e ambiente mais justa, onde a educação ambiental teria ação singular na composição e formação do sujeito ecológico.

Cap II
Através da mudança de perspectiva sobre a temática ecológica, abandonando conceitos engessados na esfera cientifica, a autora passa a analisar as decorrências desse “novo modelo”. A perspectiva de uma critica social mais acentuada, transladando as esferas política, econômica bem como a cientifica, faz com que a autora aproxime os novos ideais ecologistas dos movimentos ditos “contraculturais”, oriundos das décadas pós-guerra, 1960/70, no que tangem a sua percepção central de “ir contra”, de criticar, uma cultura predominante e socialmente estabelecida, acentuada e fortalecida principalmente pelo novo modelo capitalista (consumista) que chamo de “desenfreado”. Desenfreado entendendo-se como um modo de produção que despreza seus próprios limites em detrimento de um “crescimento”.
“O repúdio a uma racionalidade instrumental, aos ideais do progresso, ao individualismo e a lógica do custo-benefício meramente econômico, pode ser observado no ideal de uma sociedade ecológica que se afirma como via alternativa à sociedade capitalista de consumo.” (p.48).
A citação, segundo a autora, traz o cerne predominante desse novo modelo ecologista.
Trazendo para o plano brasileiro, a autora infere que a eclosão das discussões ambientais possuiu determinada singularidade pois se deu ao mesmo tempo das discussões políticas vividas em épocas de governo autoritário (ditadura), portanto, fortemente carregas pelo viés político. Propõe a análise das estruturas do pensamento brasileiro ligadas intrinsecamente aos ideais políticos de critica e desejo por mudanças na situação vigente da época. Entende que a educação ambiental traz consigo mudanças tanto de práticas quanto de consciência, à curto prazo, como  incita e promove, principalmente, mudanças estruturais à longo prazo, dialogando com os campos político, econômico, social, cultural e educacional, de tradições, teorias e saberes.
“Essa aposta na formação de novas atitudes e posturas ambientais como algo que deveria integrar a educação de todos os cidadãos, passou a fazer parte do campo educacional propriamente dito e das preocupações públicas.” (p.54).

Cap III
“A tomada de consciência do problema ambiental tem que ver também com a crescente visibilidade e legitimidade dos movimentos ecologistas (...) de um jeito ecológico de ser, um novo estilo de vida, como modos próprios de pensar o mundo e, principalmente, de pensar a si mesmo e as relações com os outros neste mundo. Portanto, o modo ideal de ser e viver orientado pelos princípios do ideário ecológico é o que chamamos de sujeito ecológico, implicando diretamente na existência de uma sociedade plenamente ecológica.” (p.65).
Através da autora, podemos inferir que o pensamento e formação de um “sujeito ecológico” passa, acima de tudo, por uma reconstrução de consciência, costumes e práticas, em detrimento do beneficio coletivo, ambiental e socialmente mais justo. Esse sujeito ecológico, é determinado ou entendido em suas mais complexas variações, desde os chamados “de carteirinha”, sendo os mais radicais possíveis em defesa do meio, aos “simpatizantes”, que como a própria autora traz, são os que “identificam-se em alguma medida com a causa e tentam incorporar, mesmo que parcialmente, alguns valores ecológicos em suas opções e projetos de vida”, portando, em comum, uma postura ética de crítica à ordem social vigente, baseada na exploração ilimitada dos recursos, que apenas gera desigualdade, agressão ao meio e exclusão social e ambiental. Nesse contexto, a educação ambiental tem um papel vital pois, como ideal central, tem como missão contribuir para a constituição de uma consciência e atitude ecológica.
“O ecologismo nasceu criticando a aposta no progresso ilimitado tanto do ponto de vista da duração e da qualidade da existência humana, quanto da permanência dos bens ambientais e da natureza que convivemos.” (p.68).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Carta da Terra


A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar da grande comunidade, da vida e das futuras gerações. Oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável.
O documento é resultado de diálogos interculturais, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou, essencialmente, como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000, concluiu-se um documento abrangente e motivador que foi divulgado e entendido como uma "carta dos povos".
A redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de várias organizações, públicas e privadas.

Através de uma integração plena entre seus princípios básicos que são
  • Respeitar e cuidar da comunidade de vida
  • Integridade ecológica
  • Justiça social e econômica
  • Democracia, não-violência e paz   
o documento tem por objetivo interceder, sensiblizar e, através da mudança de conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais, promover ações concretas e significativas em torno do bem estar do planeta, consequentemente, de toda a humanidade.

Abaixo, coloco a disposição o link que direciona para um dos sites mais completos em relação ao conteúdo da Carta da Terra, bem como de assuntos correlatos.
http://www.cartadaterra.com.br/index.html 

Assim como um video sobre a Carta da Terra.



Weber e a ética protestante do espírito capitalista

Nesta obra Weber compara várias religiões no tocante, principalmente, a sua conduta ética, e como elas se relacionaram com o desenvolvimento do capitalismo moderno. Weber destacou o Calvinismo como a religião que contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do capitalismo moderno, pois seu fundamento e tese estão no fato de defender a doutrina da predestinação. Isto significa que o indivíduo já nasce eleito (salvo) por Deus ou condenado ao inferno. Consequentemente o grande tormento psicológico para um calvinista da época era a dúvida (salvação ou condenação?). O modo de vida do homem calvinista era racionalizado, sistemático; qualquer atividade realizada era para aumentar a glória do Senhor.Imbuídos desse pensamento, qualquer atividade com finalidade lúdica ou obtenção de prazer carnal seria condenado por Deus. A solução técnica encontrada pelos calvinistas para se ter certeza da salvação foi através do trabalho, o que determinou um fortalecimento dos que precisavam de bases ideológicas sólidas para defender sua produção de riquezas em detrimento de outras religiões que condenavam a chamada "usura", como o catolicismo. Seu sucesso material, oriundo do trabalho, seria traduzido como uma bênção de Deus. Quanto mais riquezas alcançadas (maior acúmulo de capital) maior a certeza de ser um homem escolhido por Deus. Antagonicamente, um homem pobre seria, na visão calvinista, um predestinado ao inferno. O homem calvinista dedicava seu tempo a trabalhar como meio de se certificar da salvação e não como meio de obtê-la, já que segundo o Calvinismo o homem já nasce predestinado. Isso levou a formação de um grande número de postos de trabalho, de mão-de-obra especializada. Porém, a riqueza alcançada não seria utilizada de forma egocêntrica, mas sim somente poderia ser usufruída como meio de subsistência e que servisse ao aumento da glória do Senhor. Esse comportamento levou os calvinistas ao acúmulo de riquezas e a eliminação de gastos desnecessários. Consequentemente houve um aumento de poupança, que por sua vez levou ao aumento de capital (através dos juros), o que forneceu a base necessária ao desenvolvimento do capitalismo moderno. 
Segundo Weber, o Luteranismo não contribuiu para o desenvolvimento do espírito do capitalismo devido a sua ética se apoiar na doutrina da salvação pela fé. Portanto, um Luterano não precisaria de um sinal material para se ter a certeza da salvação, bastaria unicamente a fé em Deus. O Catolicismo também não poderia ter contribuído para tal fim, já que no Catolicismo os pecados são perdoados por absolvição, o que faz com que seus membros se sintam confortáveis em relação à vida eterna, pois basta a confissão para serem perdoados. A variável "vaidade, apesar de desprezada por Weber, devido poder imbuir o homem de desprezo pelo trabalho, não poderia ter sido omitida, sabendo que um homem bem sucedido materialmente poderia se sentir e ser visto como um membro privilegiado de sua classe. Em uma sociedade onde a salvação era fator de suma importância para o bem-estar do homem, um calvinista sem muitas posses poderia se sentir constrangido, isso o faria trabalhar mais ainda para a constituição de um capital que melhorasse sua auto-estima, fazendo-o aparentemente um eleito por Deus. A vaidade se tornaria uma motivação.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Positivismo

Positivismo, para além de um conjunto de idéias que geraram práticas e métodos, trouxe concepções de repercussão eminentemente sociais. 
De bases históricas que serviram, sob status de ciência, sobretudo como ideologia e justificativa para o imperialismo europeu no século XIX, o denominado "positivismo" se firmou como uma concepção baseada no cientificismo e racionalismo, que transformariam as realidades sociais, frutos de uma certa ordem histórica que nunca é absoluta, em verdades absolutas e incontestáveis, porque comprovadas pela ciência, nao possuiriam margem para constestação, nem mesmo por disciplinas reconhecidamente críticas, como a Históia e Sociologia, que, no decorrer da primeira metade do século XIX, também vão render-se a nova corrente predominante.
O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo humano, visando a obtenção de resultados claros, objetivos e completamente corretos. A meu ver, para as disciplinas humanias, nada mais que a busca incansavelmente por uma forma de legitimação acadêmica e social das quais ainda nao gozavam em sua plenitude, um o "status" que, a época, apenas a alcunha de "ciência" poderia conferir. 
Pode-se inclusive dizer que o Positivismo tendeu a reduzir o papel do homem enquanto ser pensante, crítico, para um mero coletor de informações e fatos presentes nos documentos, capazes de fazer-se entender por sua conta. "Os fatos históricos falam por si mesmos", dizia o discurso positivista.
No entanto, nao podemos deixar de mencionar a importância das contribuições que tal corrente teórico-científica trouxe as análises sociais sobretudo. 
O aperfeiçoamento de métodos de pesquisa, a busca pelo rigor e certa "profissionalização" das pessoas desta área, as especificações enquanto a normas e técnicas, e (a meu ver uma das principais contribuições) a busca incessante pelo aperfeiçoamento e evolução dos estudos e pesquisas na área humanista, são ganhos inestimáveis. 
Porém, os métodos e práticas "essencialmente" positivistas  (de características cientificistas, racionalistas, inflexíveis), a posteriori, foram desconstruidos pelo ressurgimento da percepção do papel do homem na sociedade e na história, sendo sujeito ativo, e portanto, partícipe de uma sociedade em constante movimento.
O movimento intitulado "Annales", encabeçado principalmente por historiadores, dentre eles Lucien Febvre e Marc Bloch, promoveu uma verdadeira "revolução" no modo de pensar historicamente, o que para eles significava pensar socialmente, sobre a necessidade de uma história engajada que compreende e faz compreender, isto é, uma ciência humana constituída por fatos e textos, e acima de tudo idéias, capazes de questionar e problematizar a existência humana, utilizar-se de outras fontes de reflexão, reinventar-se em si mesma. 

   

Genebaldo Freire



Como um dos componentes principais do planejamento e gestão ambiental, a Educação Ambiental é abordada por Genebaldo como um dos principios básicos para a transformação social. Dentre suas diversas atividades, gostaria de destacar sua ação como Consultor e Planejador de programas voltados à educação ambiental em vertentes variadas como universidades, órgãos públicos e empresas privadas, denotando sua percepção aguçada de atuação da educaçao nos mais variados campos sociais proporcionando, acima de tudo, um trabalho de sensibilização para como a temática ambiental, não somente no discurso, mas buscando a afirmação prática.  

Site Oficial

Michele Sato

É pós-doutora em educação, tendo como sua temática principal de abordagem as questões ambientais. É colaboradora tanto no âmbito acadêmico como de atuação direta (ongs, etc) de diversas instituições com abordagens ambientais. Possui várias experiências nacionais e internacionais na área de Educação Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: fenomenologia - sustentabilidade - ecologismo - arte - mitologia.
Possui uma vasta produção acadêmica que lhe confere um reconhecimento como um dos principais nomes brasileiros no ambito de colaboração com a educação ambiental.


Tem como uma de suas principais obras o livro "Educação Ambiental: Pesquisa e Desafios", onde proporciona, em conjunto com outros autores, várias reflexões sobre, principalmente, os desafios e a busca de soluções para o desenvolvimento da educação ambiental como partícipe da formação cidadã. Traz que a educação ambiental dialoga com outras áreas do conhecimento, inclusive com os saberes populares. Sendo nesta obra que infere que um dos caminhos às transformações necessárias para a inclusão social e a justiça ambiental passa, necessariamente pela educação.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Dialética: a arte de contrapor

"A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo." Friedrich Engels.

Através da afirmativa de Engels, pode-se depreender uma das concepções do que vem a ser dialética. Entendo como uma teoria que a produção de conhecimento e o consequente desenvolvimento do homem são determinados por um constante confronto com sua realidade imediata, pois concebe que ela, a realidade, nao é estática, nao é fixa, e por isso mesmo é determinada de mutações e variações constantes e continuas, fazendo com que as teorias tenham que confrontar-se com o meio em que sao apreendidas, sujeitas ao contexto historico e de transformações. Um verdadeiro "choque" entre diversas e diferente situações. Tende-se a busca intensa por produtos entre as constraposições de ideias, que gerarão novas implicações, novas discussões, e assim, determinarão novas ideias, temas, confrontos, etc.