Nesta obra Weber compara várias religiões no tocante, principalmente, a sua conduta ética, e como elas se relacionaram com o desenvolvimento do capitalismo moderno. Weber destacou o Calvinismo como a religião que contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do capitalismo moderno, pois seu fundamento e tese estão no fato de defender a doutrina da predestinação. Isto significa que o indivíduo já nasce eleito (salvo) por Deus ou condenado ao inferno. Consequentemente o grande tormento psicológico para um calvinista da época era a dúvida (salvação ou condenação?). O modo de vida do homem calvinista era racionalizado, sistemático; qualquer atividade realizada era para aumentar a glória do Senhor.Imbuídos desse pensamento, qualquer atividade com finalidade lúdica ou obtenção de prazer carnal seria condenado por Deus. A solução técnica encontrada pelos calvinistas para se ter certeza da salvação foi através do trabalho, o que determinou um fortalecimento dos que precisavam de bases ideológicas sólidas para defender sua produção de riquezas em detrimento de outras religiões que condenavam a chamada "usura", como o catolicismo. Seu sucesso material, oriundo do trabalho, seria traduzido como uma bênção de Deus. Quanto mais riquezas alcançadas (maior acúmulo de capital) maior a certeza de ser um homem escolhido por Deus. Antagonicamente, um homem pobre seria, na visão calvinista, um predestinado ao inferno. O homem calvinista dedicava seu tempo a trabalhar como meio de se certificar da salvação e não como meio de obtê-la, já que segundo o Calvinismo o homem já nasce predestinado. Isso levou a formação de um grande número de postos de trabalho, de mão-de-obra especializada. Porém, a riqueza alcançada não seria utilizada de forma egocêntrica, mas sim somente poderia ser usufruída como meio de subsistência e que servisse ao aumento da glória do Senhor. Esse comportamento levou os calvinistas ao acúmulo de riquezas e a eliminação de gastos desnecessários. Consequentemente houve um aumento de poupança, que por sua vez levou ao aumento de capital (através dos juros), o que forneceu a base necessária ao desenvolvimento do capitalismo moderno.
Segundo Weber, o Luteranismo não contribuiu para o desenvolvimento do espírito do capitalismo devido a sua ética se apoiar na doutrina da salvação pela fé. Portanto, um Luterano não precisaria de um sinal material para se ter a certeza da salvação, bastaria unicamente a fé em Deus. O Catolicismo também não poderia ter contribuído para tal fim, já que no Catolicismo os pecados são perdoados por absolvição, o que faz com que seus membros se sintam confortáveis em relação à vida eterna, pois basta a confissão para serem perdoados. A variável "vaidade, apesar de desprezada por Weber, devido poder imbuir o homem de desprezo pelo trabalho, não poderia ter sido omitida, sabendo que um homem bem sucedido materialmente poderia se sentir e ser visto como um membro privilegiado de sua classe. Em uma sociedade onde a salvação era fator de suma importância para o bem-estar do homem, um calvinista sem muitas posses poderia se sentir constrangido, isso o faria trabalhar mais ainda para a constituição de um capital que melhorasse sua auto-estima, fazendo-o aparentemente um eleito por Deus. A vaidade se tornaria uma motivação.
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