Positivismo, para além de um conjunto de idéias que geraram práticas e métodos, trouxe concepções de repercussão eminentemente sociais.
De bases históricas que serviram, sob status de ciência, sobretudo como ideologia e justificativa para o imperialismo europeu no século XIX, o denominado "positivismo" se firmou como uma concepção baseada no cientificismo e racionalismo, que transformariam as realidades sociais, frutos de uma certa ordem histórica que nunca é absoluta, em verdades absolutas e incontestáveis, porque comprovadas pela ciência, nao possuiriam margem para constestação, nem mesmo por disciplinas reconhecidamente críticas, como a Históia e Sociologia, que, no decorrer da primeira metade do século XIX, também vão render-se a nova corrente predominante.
O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo humano, visando a obtenção de resultados claros, objetivos e completamente corretos. A meu ver, para as disciplinas humanias, nada mais que a busca incansavelmente por uma forma de legitimação acadêmica e social das quais ainda nao gozavam em sua plenitude, um o "status" que, a época, apenas a alcunha de "ciência" poderia conferir.
Pode-se inclusive dizer que o Positivismo tendeu a reduzir o papel do homem enquanto ser pensante, crítico, para um mero coletor de informações e fatos presentes nos documentos, capazes de fazer-se entender por sua conta. "Os fatos históricos falam por si mesmos", dizia o discurso positivista.
No entanto, nao podemos deixar de mencionar a importância das contribuições que tal corrente teórico-científica trouxe as análises sociais sobretudo.
O aperfeiçoamento de métodos de pesquisa, a busca pelo rigor e certa "profissionalização" das pessoas desta área, as especificações enquanto a normas e técnicas, e (a meu ver uma das principais contribuições) a busca incessante pelo aperfeiçoamento e evolução dos estudos e pesquisas na área humanista, são ganhos inestimáveis.
Porém, os métodos e práticas "essencialmente" positivistas (de características cientificistas, racionalistas, inflexíveis), a posteriori, foram desconstruidos pelo ressurgimento da percepção do papel do homem na sociedade e na história, sendo sujeito ativo, e portanto, partícipe de uma sociedade em constante movimento.
O movimento intitulado "Annales", encabeçado principalmente por historiadores, dentre eles Lucien Febvre e Marc Bloch, promoveu uma verdadeira "revolução" no modo de pensar historicamente, o que para eles significava pensar socialmente, sobre a necessidade de uma história engajada que compreende e faz compreender, isto é, uma ciência humana constituída por fatos e textos, e acima de tudo idéias, capazes de questionar e problematizar a existência humana, utilizar-se de outras fontes de reflexão, reinventar-se em si mesma.
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